Ainda em São Paulo, na J&J, percebi que a dinâmica do lobby estava mudando. Vídeos, campanhas e mobilizações organizadas por ONGs não eram páreo para o lobby tradicional das empresas e entidades de classe. Comecei a observar, estudar e ler sobre o que estava acontecendo não somente no Brasil, mas também nos EUA, e vi que algumas empresas estavam seguindo no mesmo caminho. Foi então que há 3 anos atrás iniciei um projeto de fim de semana. Tentar organizar o que estava aprendendo num livro.
No final do ano passado o Google ofereceu uma posição para a minha esposa em São Francisco. Abraçamos a oportunidade, mesmo que isto tenha significado minha saída da J&J. Por outro lado, pude avançar com o projeto do livro, que está na reta final.
O título provisório do livro é “lobby: democratizado” (mais para a frente vou pedir outras sugestões). Tenho utilizado este título desde que falei sobre o tema num painel organizado pela Virada Política de 2017. Infelizmente, naquele dia, o tempo não foi suficiente para uma sessão mais longa de debate. Foi então que comecei a pensar num blog como uma alternativa de troca de informações, em que poderia expor algumas das minhas idéias e obter retorno, sem a pressão do tempo.
Desde lá passou um ano e acho que chegou a hora de abrir o livro (antes de publicar) para quem queira contribuir com suas idéias e experiências. Confesso que tenho um pouco de medo. Depois de mais de 3 anos escrevendo, revendo e reescrevendo a gente se apega ao “produto”. E quem me conhece sabe que preciso de um tempo para absorver críticas construtivas…
A minha proposta inicial é compartilhar alguns trechos do livro e abrir uma conversa sobre para onde eu acho que o lobby está indo. Só para deixar claro: estou pouco preocupado com o arcabouço legal e regulatório do lobby. Acho que já têm bastante gente boa pensando sobre este tema. O meu foco é outro, o cidadão; de como falar com ele sobre políticas públicas, engajá-lo e poder contar com o seu apoio (seja via um tweet, post ou assinatura numa petição). Isto porque um debate verdadeiramente público sobre uma política pública muda tudo: a mensagem, a lógica e a dinâmica do processo.
Para mim este blog começa como um experimento e uma necessidade. Acho que desta forma crio uma certa coerência entre o tema do livro e o livro em si. Mas o blog vai além do livro para falar sobre lobby, olhando para frente. Claro que tenho expectativas: espero que alguns de vocês se interessem pelo tema, que surjam pontos de vista distintos e que possamos ter uma boa conversa.
O próximo post será sobre grassroots.
Renard,
Parabéns pela iniciativa!
Muito bom poder contar com sua experiência e casos de sucessos trilhados ao longo da sua carreira! Com certeza uma valiosa contribuição para enriquecer o debate das relações governamentais.
Já devidamente inscrito!
Grande abraço,
Jorge
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Valeu Jorge! contando com suas considerações! Abs, Renard
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Parabéns
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obrigado!
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Boa tarde !
Ao congratular a sua iniciativa aproveito para indicar uma leitura, como Você solicitou sugestões, que talvez possa lhe agregar valor do ponto de vista de um profissional que atua aqui na União Europeia: Beyond Networks – Interlocutory Coalitions, the European an Global Legal Orders by Gianluca Sgueo
Cordiais saudações de Bruxelas,
Jogi
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Obrigado Jogi! Dei uma olhada no livro no Google books. Bem interessante! Abs, Renard
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Muito interessante. Achei o teu blog através de um artigo que você publicou no Jota! O tema do lobby é algo que me interessa bastante. Inicialmente, penso se apostar na democratização do Lobby não é uma visão ultra romântica, considerando a forma como as grandes empresas tem se utilizado da tecnologia das redes sociais para mapear e, até mesmo, manipular o comportamento das pessoas.
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Oi Gabriel. Obrigado por comentar. É tentador olhar a democratização do lobby como algo romântico ou idealista, mas tenho prestado muita atenção e vejo cada vez mais exemplos onde a força do cidadão realmente teve um papel relevante no (re)direcionamento de um tema; tendo ele, o cidadão, sido mobilizado por uma ONG ou empresa. No livro, que espero publicar em breve, argumento que as empresas terão que ser autênticas o suficiente para poder contar com o apoio da sociedade.
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